Capital do desemprego

Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), divulgado recentemente, apontou para a redução do desemprego na capital baiana, Salvador. A Pesquisa Emprego e Desemprego revela que a taxa de desemprego total na capital da Bahia passou de 20,3% para os atuais 19,8%. Esses percentuais, em números reais, correspondem a 369 mil desempregados, em janeiro, seis mil a menos do que o mês anterior ao da pesquisa, dezembro.

Ainda de acordo com o estudo, em 10 anos, esse foi o melhor resultado alcançado pela capital baiana. O prefeito da cidade, João Henrique (PMDB), ficou feliz e comemorou com os seus partidários o resultado da pesquisa. Segundo ele, essa redução dar-se graças ao trabalho que a gestão dele vem fazendo na capital.

Mesmo com essa redução, Salvador não largou o título de capital nacional do desemprego.

Os setores que mais empregaram, no mês da pesquisa (janeiro), foram, respectivamente; “Outros setores”, que envolve Serviços Domésticos, Construção Civil e outras atividades (4,4%), com 10 mil novas ocupações. Indústria (2,2%), com 3 mil novos postos. Serviços (0,6%), com 5 mil postos adicionais de trabalho e o Comércio (0,4%), com a criação de mil vagas.

O setor que mais criou vagas, nesse período, foi o da Construção Civil. Apesar do DIEESE, na pesquisa, não apontar um número específico, já que engloba o da Construção Civil junto com outras atividades, como Serviços Domésticos. O fator determinante para o crescimento da oferta de trabalho para operários do setor é o Boom por que Salvador passa na área da Construção Civil.

Além de o setor imobiliário faturar às turras, com a construção de shoppings, condomínios empresariais e residenciais, o investimento público, ainda que tímido, em infra-estrutura, construções de escolas, postos médicos, etc, contribuíram com o desempenho do setor na pesquisa.

Avaliação - Em contrapartida, o alto índice de desemprego registrado na Capital talvez explique o crescente avanço da violência. Os dados são assustadores a cada novo final de semana. Assassinatos, assaltos. Eles estão cada vez mais freqüentes nas páginas dos matutinos.

Na última semana de fevereiro, por exemplo, em 24 horas foram registrados seis homicídios. Eles ocorreram entre as sete horas da manhã desta quinta-feira (28/02) e às sete da manhã seguinte, sexta-feira (29/02).

Certamente, esses não são números dignos de comemoração.

Ao contrário da comemoração, deveria, justamente, ocorrer à reflexão por parte do prefeito – ainda que segurança pública seja de responsabilidade do Estado.

Alternativas - Além disso, devem-se buscar alternativas á criação de novos postos de trabalho. E também evitar que ocorra a migração de cidadãos das cidades do interior para a capital. O que poderia agravar ainda mais a situação do desemprego.

Na verdade, a prefeitura deveria buscar estreitar a parceira com o governo do estado, assim como com o governo federal no sentido de incentivar a migração daquelas pessoas desempregadas para as cidades do interior, onde, em algumas situações, há maiores possibilidades de empregabilidade.

O desemprego continuará a ser uma chaga à gestão de qualquer governante. Infelizmente. Porém, a implementação de políticas públicas deverá ocorrer, cada vez mais, de maneira integrada, na busca de um desenvolvimento satisfatório á necessidade de cada cidade. Integração esta que deverá envolver cidades que compõem uma micro-região, além do estado e da união. Esse é o futuro para o desenvolvimento.

Além disso, a necessidade de reformas políticas e na estrutura do estado brasileiro já se faz evidente. Reforma tributária/econômica, agrária, política, previdenciária, dentre outras, contribuirão para um melhor desenvolvimento do nosso país, inserindo-o, de maneira mais competitiva, no cenário mundial. Caso contrário, perderemos em competitividade para muitos países, e geraremos, ainda mais, desemprego à nossa população.

Isso, contudo, precisa ser feito de maneira personalizada, isto é, adequada ás necessidades de nosso país, e não copiando ou seguindo modelos pré-estabelecidos por instituições que, na maioria das vezes, representa os interesses de quem lhes financia; os países de economia mais desenvolvida e precursores da globalização.

Fica aberto o espaço para o aprofundamento ou não das discussões.

Para ter acesso ao estudo do DIEESE- Salvador, clique aqui.

Para acessar o site do DIEESE, clique aqui.

Uma austríaca no Brasil

Uma vez ou outra troco e-mail com uma amiga austríaca. Ela esteve no Brasil, mais uma vez, para, além de fazer intercâmbio cultural, nos visitar. Beth, como a chamo, se declara apaixonada por nossa terra, por nossa gente.

Conversando comigo, certa vez, se queixou do sistema educacional brasileiro. O considerou ruim, sobretudo quando comparado com o sistema dos países mais desenvolvidos.

Como ela teve uma rápida experiência em uma escola particular brasileira, como parte integrante do processo cultural de intercâmbio, perguntei qual era a avaliação que fazia entre os dois sistemas de educação de nosso país; o público e o privado. Disse que o privado, apesar de demonstrar fraquezas também, é muito melhor do que o público. Os professores parecem mais qualificados, além dos alunos.

Entrei um pouco no nicho ideológico da coisa, ao explicar a ela que isso decorre do processo, a princípio, de desmantelamento a que o estado brasileiro esteve submetido ao longo dos anos. Mas, também, por falta de interesse da elite dirigente do nosso país, que, infelizmente, não prioriza o nosso desenvolvimento enquanto nação.

Ao contrário, disse a ela. A grande maioria das pessoas que compõem o reduzido universo da elite econômica-social brasileira está preocupada em defender os seus mesquinhos interesses. Não o da nação.

Ela não discordou, e nem concordou.

O silêncio me pareceu um sinal de respeito à gente.
Ou seja, como diz respeito a questões internas de nosso país, por isso de nosso interesse, ela, enquanto austríaca não se sentia, talvez, no direito de opinar. Aliás, como agiu o presidente Lula, ao falar para a imprensa que cabia ao povo de Cuba definir o futuro do seu país, depois da renúncia de Fidel Castro, e não ao Brasil.

Entrevista - Hoje (27/01) Beth retorna um e-mail, que lhe encaminhei há quase um mês. Ela estava em São Carlos, interior de São Paulo, onde foi passar o restante das férias. Como ia retornar para a Áustria uns dias depois do carnaval, resolvi mandar um e-mail, desejando-lhe excelente retorno à sua terra natal. Hoje, passados pouco mais de dez dias de encaminhado o e-mail, ela me retorna.

Primeiro, pede desculpas por demorar a responder o e-mail. Diz que aproveitou esses primeiros dias após seu retorno à Áustria para rever amigos e parentes. Para fazer uma das coisas que mais gosta; andar. “Não sou doida”, adverte ela, “mas gosto muito de andar”. Diz que aproveitou esses dias para andar porque enquanto esteve no Brasil, e em especial na Bahia, não pôde caminhar com a mesma intensidade que o faz na Áustria.

Não foi o forte calor tropical brasileiro, nem o da Bahia, em especial, que impediram Beth de caminhar como queria. Foi a violência. Ela garante ter ficado com medo, depois de ter sido alertada para não andar demais pelas ruas de Salvador, pois era perigoso.

Ela, e mais duas austríacas, Lisi e Renata, foram assaltadas algumas vezes em Salvador, me relataram certa vez. Ainda assim, essas coisas negativas não superaram às positivas que o nosso país e nossa gente têm. Passearam e curtiram de montam. Apreenderam muito também. Lisi e Renata continuam a fazer o intercâmbio na Bahia até o mês de abril, me disse uma amiga sábado pela manhã. Beth escreve muito bem o português-brasileiro, sobretudo quando comparado com alguns de nossos patrícios, que, infelizmente, não sabem escrever muitas vezes nem o próprio nome.

Com saudades do Brasil, Beth foi ao centro velho de Salzburgo, na Áustria, procurar por brasileiros. Mas não os encontrou. Não ficou totalmente desanimada, e foi ler um livro que trata do Brasil. Esqueceu de me dizer qual o título do livro e quem o escreveu. Relatou, porém, que aguarda ansiosamente pelo verão na Áustria. Lá, já é primavera. Mas hoje, quarta-feira, disse que fez calor; 20° C. O normal, me informa por e-mail, é que a temperatura nessa época esteja em 10° C.

Fala ainda, antes de se despedir, de suas pretensões na Áustria; estudar. Continua em dúvida, porém, do que fazer; medicina, enfermagem, assistência social ou fisioterapia.

Continua a ter saudades do Brasil. Muitas saudades, conforme escreveu em um e-mail anterior.

Beth será a primeira entrevistada do Exclamações!.

Infelizmente a entrevista não será instantânea, como preferia. Será, como tem sido nossas conversas, por e-mail. Ela deve, contudo, demorar um pouco para respondê-lo.
Ao que parece, na Áustria, as pessoas não tem a cultura de muito tempo ficar na internet. Ao contrário do Brasil, que figura entre os três maiores países do mundo quando o assunto é tempo do internauta na rede.

O fiel leitor do Exclamações! também pode participar da entrevista, encaminhando perguntas para danieljornalismo2003@yahoo.com.br.

Uma raiz suculenta

Ele levou uma hora para ficar pronto. É saboroso, bem gostoso. Com carne do sol, então, fica uma beleza. Estou falando do aipim. Essa suculenta raiz da mandioca me agrada de várias maneiras. Aipim frito, cozido, como purê acompanhado da carne do sol. Ainda temos o bolo de aipim. Mais; a Lasanha de aipim. São muitas as opções, e uma única certeza; seja como for, o aipim é sempre uma delícia.

Antes, devo confessar, porém, que de cozinha não entendo nada. Só sei fritar um ovo, nada, além disso. E, na cozinha, depois de ter tudo pronto, comer. Somente.

Para cozinhar o aipim, ontem (segunda - 25/01), por exemplo, tive que sair em busca de auxílio. Antes, de minha mãe. No trabalho, atendeu ao meu telefonema. E me orientou; “peça a sua tia para tirar a casca do aipim e colocar a dose certa de sal, aí você retorna para casa, e põe a panela no fogo com água”.

Na casa de minha tia Geró, solicitei ajuda. Ela, prestativa como sempre, não reclamou. E começou a descascar o aipim. Depois de descascado e cortado, ela me orientou a colocar somente uma colher de sal. “Uma colher dessas, rasa com sal”, observou, apontando para a colher, que serviu de exemplo.

De lá, retornei para casa, e logo coloquei a dose correta de sal e a água na panela com o saboroso aipim.

Importância - Essa raiz é muito interessante, sobretudo do ponto de vista alimentar. Dela surge, além do que acima já foi listado, a farinha, que acompanha a “sagrada” feijoada de domingo.

A deliciosa tapioca também é oriunda da raiz da mandioca. Ainda, do ponto de vista energético, cientistas descobriram que ela pode servir para a produção do etanol. Considero isso, no particular, um tanto que arriscado. Transformar alimentos em energia, seja para automóveis, seja para a indústria, é muito perigoso, num mundo onde milhões de pessoas não têm o que comer.

Quem trouxe, por sinal, essa iguaria ao Brasil, honestamente, não sei. Sabe-se que ela sempre foi muito cultivada pelos indígenas. Tanto no Brasil como na América Latina. Do nosso continente, ela foi exportada para a África e para a Ásia, onde é uma das principais bases de dieta alimentar.

Além de sua raiz, consome-se, também, a sua folha. Antes, ela deve passar por um tratamento, que visa à retirada de toda a parte que pode envenenar o homem. Pronta, ela é conhecida como maniçoba. Confesso, contudo, que não agradou ao meu paladar quando a experimentei em Cruz das Almas, cidade do recôncavo baiano.

No Brasil, por sinal, o aipim pode ter varias denominações, a exemplo da macaxeira, que designa mandioca doce. As denominações podem ser diferentes, a depender da região, da cidade, do estado, mas, o sabor, ah, esse é o mesmo. De norte a sul do Brasil. Continua saboroso, gostoso como sempre. O aipim. A própria mandioca.

Hoje, porém, ao cozinhar o aipim, o mesmo não ficou tão bom quanto se esperava. Ficou um tanto que duro - boa parte dele. Não muito bom para o consumo. Explica-se; quando o aipim leva pancada demais, me explicou um experiente vendedor da iguaria, ao ser cozinhado, o ele não fica bom, pois fica duro.
Além dessa, acredito que deve haver outras explicações quanto a esse “fenômeno”

Difícil é comprar um aipim, que muito já andou até chegar à feira, e ele permanecer bom. Isto é, não levar pancadas e, em conseqüência, não apresentar “problemas” quando cozido. Aliás, de uns tempos pra cá, até desistir de comprar a iguaria. Duas vezes, ao cozinhar o aipim, ele não ficou bom. Duro, foi pro lixo. Um desperdiço. Fiquei traumatizado.

Ainda assim, me aconselhou o combalido vendedor da iguaria e de outras frutas e verduras tropicais; muito cuidado na hora de comprar o aipim. Verifique o seu estado de conservação, externo, claro. Construa uma relação de amizade/confiança com o vendedor da iguaria. Isso acontecendo, a possibilidade de ele ser honesto com você é grande. Assim, o risco de comprar gato por lebre, pode chegar à zero. E o prazer de se deliciar, de diversas formas, com o nosso saboroso aipim é grande.

Se eu fosse você, ou se você gostar do aipim como eu, não perderia mais tempo. Ia à mercearia, mercadinho ou feira mais próxima atrás dessa preciosa iguaria. Trataria de descascá-la, e colocá-la no fogo, numa panela de pressão, de preferência, acompanhada com uma colher rasa de sal. Aguardaria, ansiosamente, por 30 ou 40 minutos para se deliciar com ele que já se tornou uma importante iguaria na cultura alimentar do brasileiro; o aipim da mandioca.

Saneamento básico, sua majestade

É um dever constitucional do estado brasileiro, abrangendo prefeituras, governos estaduais e governo federal, garantir à população a universalização do acesso ao saneamento básico. Este compreende várias etapas. Uma delas é a garantia do abastecimento de água propicia ao consumo humano. Outra é a implantação de um sistema de esgotamento sanitário que impeça que os dejetos produzidos pelas residências e lojas comerciais fiquem a céu aberto ou sejam lançadas nos rios, córregos e efluentes.

Limpeza e drenagem urbana, manejo de resíduos sólidos, infra-estrutura, operação de coleta de lixo, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e daquele originário da limpeza das vias públicas constituem-se também em uma política de saneamento.

Isso, contudo, nem sempre é posto em prática pelos nossos governantes. Saneamento básico, costuma-se dizer nos bastidores da política, não dá voto. Por isso, na maioria das vezes, sempre foi deixado de lado por vários gestores Brasil afora.

Nas cidades, sobretudo àquelas com potencial de desenvolvimento econômico e crescimento demográfico, a falta de uma política consistente de saneamento básico pode se tornar em um grande problema para os gestores e, o pior, para os cidadãos. A ausência desta política irá refletir na qualidade de vida das pessoas, interferindo, portanto, em sua expectativa de vida.

Em conseqüência, a demanda nos hospitais e farmácias será grande. A inesperada despesa, aos cofres públicos, desestabilizará governos. Crises na saúde, comumente, surgirão. No fim, o cidadão, sofrido, pagará o pato final. Mas, quem mais sofrerá com as conseqüências são as crianças, com o aumento da mortalidade infantil.

Saneamento Básico já foi tema até de filme, estrelado pelos baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, e com direção de Jorge Furtado. A mobilização da comunidade da Linha Cristal se transforma na realização de um vídeo de ficção cientifica. É o filme dentro do filme.

Linha de Cristal é uma pequena vila de descendentes de colonos italianos, localizada no Rio Grande do Sul. Esses se reúnem para tomar providências quanto à construção de uma fossa para o tratamento do esgoto. Eleita, uma comissão vai pleitear a obra junto à subprefeitura. A secretária reconhece a legitimidade da reivindicação dos moradores.

Contudo, afirma que a prefeitura não dispõe de verbas para realizar a obra de saneamento básico até o final do ano. Mas garante ter dez mil reais em verbas para a produção de um vídeo. A verba veio do governo federal, e, se não for gasta, terá que ser devolvida. Antes de realizar o vídeo apoiado pela prefeitura, entretanto, um projeto com o roteiro de produção deve ser apresentado. A comunidade apresenta o projeto e decide então produzir o vídeo sobre a obra.

Saneamento Básico, O Filme é uma comédia, mas que tem muito de realidade. A conscientização da sociedade civil, organizações sociais, sindicais e empresariais, portanto, se faz importante. A participação, no exigir, no saber de como os recursos públicos estão sendo administrados e aplicados também. Portanto, quem faz o bairro, a cidade, é você, cidadão.

Um grande amigo

Amigos. Quem não os têm?. São importantes e fazem parte de nossas vidas. Eu mesmo tenho muitos amigos. Gosto de fazer amizades. Verdadeiras, é claro. Mas algumas são mais fortes. Especiais. Uma dessas amizades especiais, que tenho o privilégio de ter e usufruir, é de meu amigo-irmão Emanuel. Emanuel Jackson da Silva Jerônimo. Hoje, abro um parêntese para escrever/falar um pouco dele. De nossa amizade.

Nossa amizade já dura uns 17 anos.

Éramos crianças quando nos conhecemos. Ele havia chegado da cidade de Amélia Rodrigues, a 70 quilômetros de Salvador. Veio para morar na capital baiana, com a sua família. Era tímido. Observador. Meio que quieto. Até começar a se entrosar com a molecada. Bolas de gude, futebol, arraias. Era diversão para toda hora.

Tivemos um pequeno impasse, nessa época. Coisas de crianças. Brigamos porque não concordei em ter perdido uma partida de gude. Mas, rapidamente, passou. Depois de uma boa conversa, claro. Dona Celina, sua mãe (e minha também), conversou conosco. Reatamos a amizade. E ela se fortaleceu, consolidando-se ao longo dos anos.

Maneca, como o chamamos carinhosamente, era bom de bola. Tinha tudo para ser um craque alá Ronaldinhos. Um excelente meio campista. Era um meia avançado. Bom de passe. De drible. Um primoroso cobrador de faltas. Jogava fácil. Mas, assim como muitos que conheci e conheço, a oportunidade não veio.

Trabalhar - E logo cedo, lá pelos 13 anos (salvo engano), ele teve que ralar, ao começar a trabalhar. Tinha que ajudar com as despesas de casa. Assim como os seus outros dois irmãos; Emerson (o do meio) e Edvaldo (o caçula).

Ele trabalhava no fórum, em Lauro de Freitas, pela tarde. Antes, pela manhã, estudava. Maneca sempre valorizou os estudos. Descobriu cedo à sua importância para ascender na vida. Por isso, sempre foi muito aplicado. Chegava a ser chato. Todas ás vezes que íamos lhe chamar para brincar, lá estava ele estudando. - Pô, cara, não dá, tenho que estudar – respondia, sempre preocupado em não nos desapontar.

Ao completar dezoito anos, foi convocado para servir a Aeronáutica. Uma alegria para todos nós, amigos, e em especial para sua família. Quase cinco anos de quartel se passaram. Uma experiência - acredito que inesquecível para ele.

Não posso esquecer, aliás, foi nesse período que ele conheceu Teresa. Na época sua namorada. Hoje sua fiel esposa.

Com uma formação familiar sólida, e conhecedor das dificuldades da vida, Emanuel continuou a estudar. Conciliava os estudos com o trabalho, como sempre o fez. Agora atuava como rodoviário. Uma rápida experiência no setor de transporte urbano, e mais um aprendizado.

Passou a trabalhar numa grande rede de supermercados. Onde atua até hoje. Nesse período, ingressou à faculdade de letras vernáculas. Mas continua, como sempre o fez, conciliando os estudos com o trabalho.

Próximo a concluir a sua primeira graduação, Emanuel é um exemplo de jovem batalhador. Um exemplo do que é ser brasileiro. Um orgulho para a família, e para nós, seus amigos.

Bate-papo - Na correria que o mundo contemporâneo nos impõe, só nos falamos aos sábados, quando ele folga. Ainda assim, nem sempre isso é possível. Quando ficamos muito tempo sem nos falar, ele me encaminha um email. Ou eu mando um para ele. Quando estamos juntos, na pauta de nossa conversa vários assuntos. Mas um sobressai-se ante os demais; política.

Além de política, falamos de futebol, viagens, meio ambiente, economia, sociedade e, de vez em quando, literatura. Estranho, um estudante de letras e um jornalista recém formado falar pouco sobre literatura – devem observar os “milhões” de leitores do nosso blog.

Como eu ia dizendo, antes que eu perca o rumo do final desse texto, quando ficamos muito tempo sem nos falar, trocamos email. Hoje, por exemplo, recebi um email de Maneca. Escreve ele; “Cara me perdoe pelo meu sumiço! O trabalho e o final do curso estão me dificultando de ‘respirar’. Entretanto, falarei com vc o mais breve possível. Um abraço.”

Tudo bem, Maneca, sei bem como é esse corre-corre - respondi por email. Complementando; - Um forte abraço!

Desse email, resolvi escrever esse texto. Confesso que o texto não foi bem escrito. Ao contrário. Não é uma perola jornalística, muito menos literária. Muitas informações –importantes- também ficaram de fora. Uma história como a de Emanuel, parcialmente falando, merece um livro. A sua história de vida, aliás, é digna de aplausos, respeito e honrarias.

Por isso, na minha insignificância, presto esta singela homenagem a um grande homem, a um grande e espetacular amigo. A um filho exemplar e amoroso. A um esposo fiel, amado e apaixonado. Emanuel Jackson da Silva Jerônimo.

Plante uma árvore

O calor ultimamente anda demais. Às vezes penso estar numa sauna. Tamanha a quantidade de suor que transpiro em muitos momentos. Minha alegria é quando estou em casa. De short e sem camisa. De preferência na varanda a contemplar os saudosos ventos que aliviam o calor e refrescam a todos.

Os pássaros cantam, transparecendo alegria. Satisfação.

Uma caminhada, uma parada. Muito suor. Afinal, estamos no Brasil tropical. Eu, particularmente, na Bahia alto astral. Calor a toda hora, a muita prova. Um banho. Um momento. Refrescância. Alívio. Descontração.

O sol, o calor. A chuva, quem sabe, uma solução. Não. Talvez, aliás. O problema; a construção. Desordenada ocupação. Sujeiras. Bueiros entupidos no chão.

Imaginação. Lembranças. Recordação. Fevereiro de 2008. Ilha Grande. Ao seu redor, água. Água da terceira maior baía do Brasil. Baía de Camamu. Em seu território, poucas casas. Muitas árvores. Cimento, não. Asfalto, não. Sim, chão. Muito chão.

A caminho da prainha, ao norte de Ilha Grande, dendezeiros. Muitos dendezeiros. Eles formam um corredor verde, junto com outras árvores, como os pés de coqueiro e de mangueiras. O que proporciona uma sombra confortante. Digo refrescante. Além de muito agradável.

Do morro, linda visão. A Baía, ou melhor, boa parte dela, vista sob um novo ângulo. Uma visão abrangente. Bonita. Apaixonante. O contraste em perfeita sintonia. O verde das árvores com o azul do mar. O canto da cigarra. Dos pássaros. Harmonia. O leve e doce ritmar do vento e das pequenas ondas do mar. Energias positivas a se renovar.

Retornando o caminho em direção a prainha, diversão. Conversas, piadas, risadas. A sombra e o corredor verde prevalecem - até a chegada à praia. Aqui, água cristalina. Morna e calma. Um mergulho. Um renovar. O imaginar...

Plante — Certa vez li um texto (não me recordo o nome do autor) onde ele defendia a tese de que o calor provocado nas grandes cidades não é fruto do aquecimento global. O problema, segundo seu ponto de vista, está no reduzido número de árvores nas cidades, e o aumento, cada vez mais presente e frequente, do asfalto e do cimento. O que ocasiona o exagerado calor.

Como há poucas árvores para fazer sombras e, assim, contribuir com a circulação de ventos, e a oxigenação do ar, através da fotossíntese, temos o calor em excesso. Afinal, concreto e asfalto, só esquentam. E transferem, em seguida, segundo a tese desse autor, parte do calor recepcionado dos raios solares para a população.

Pensei a respeito. Analisei o meu entorno. Algumas experiências, como a de Camamu. E, antes de chegar a uma conclusão, pensei; - Teses são teses. São pontos de vista dos seus autores, baseados, caso seja uma tese científica, em estudos. Estudos defendidos diante de especialistas do assunto abordado - supõe-se. Ainda assim, sempre pode haver uma contradição, ou mesmo várias, assim como outros pontos não analisados, anteriormente, que podem ser apresentados e defendidos por outros “estudiosos” do assunto.

Refleti. Caberia, em princípio, por exemplo, comparações no que diz respeito à temperatura de cidades diferentes. Cidades onde há um percentual desejável de árvores por habitantes, como Curitiba, e aquelas que já deixaram de dar importância a elas, a exemplo de São Paulo. Assim, pode-se fazer uma, o melhor é que sejam feitas várias comparações com cidades diferentes, para se chegar a um dado, uma informação confiável.

Ainda assim, vi que, no fundo, o ponto de vista defendido pelo autor do texto, tinha algo de importante. A redução das árvores nos centros urbanos. O concreto e o asfalto tomaram seu lugar. São mais importantes, ao menos para muitas pessoas (físicas e jurídicas), por incrível que pareça, do que elas.

Além do concreto e do asfalto, temos a poluição causada não só por indústrias, mas também por automóveis. Cada dia que passa, a frota de veículos aumenta nas capitais brasileiras. Sem árvores que arborizem o ar que respiramos, passamos a respirar um ar poluído pela queima do combustível fóssil. Cada vez mas presente no ar que respiramos, ainda mais quando dos grandes congestionamentos nas cidades brasileiras, a exemplo dos que ocorrem com frequência em Salvador. Aí já viu o problemão que isso pode dar a médio/longo prazo a quem respirar esse ar “contaminado”.

A falta de um planejamento urbano contribuiu, e ainda contribui, para que as cidades urbanas, médias e grandes, continuem a crescer e desenvolver-se de maneira desordenada. Insustentável. Destruindo o pouco que ainda existe da fauna e da flora em seus centros urbanos. Acabando com o seu eco-sistema. Com o verde.

Porém, com um simples gesto, algumas coisas podem ser amenizadas.

Antes, por exemplo, era comum que um morador de uma determinada casa tivesse uma árvore no seu quintal ou mesmo na frente do seu imóvel. Hoje isso é raro. Então, por que não retomarmos essa cultura?

Se, de repente, moramos em prédios ou em casas onde não há espaços para árvores, por que não a plantamos nas proximidades de um rio? Num parque?

Vamos colher frutos de uma decisão coerente. É simples; plante uma árvore. Plante e dissemine esta semente.

Uma contribuição ao meio ambiente



A água é um bem escasso, e, agora, desde cedo a garotada já aprende isso na escola.
Economizar e utilizar a água de maneira racional é a lição que tanto crianças como adultos devem saber de có. Desde já.

O Brasil é o país que possui a maior oferta de água doce do planeta. Privilegiado com 12% da água doce superficial no mundo. E com o maior rio em extensão e volume do Planeta, o Amazonas.

Porém, a má distribuição de toda essa riqueza natural, sua utilização de maneira irracional e a irresponsabilidade daqueles (todos?) que deixaram e continuam a poluir os rios, córregos, bacias hidrográficas e efluentes, comprometem a todo um eco-sistema. Compromete, aliás, a vida do próprio homem na Terra.

No Brasil, por sinal, 45% de toda a água tratada para o consumo humano é desperdiçada. É num simples banho. No lavar o carro e regar as plantas. No momento de limpar as louças. Na hora do banho do cachorro, e até mesmo quando a água fica a jorrar, com a tubulação quebrada num dos logradouros que compõe o Brasil, sem que alguém se sensibilize e informe a empresa pública ou privada responsável pela manutenção e conservação de todo esse patrimônio natural. O desperdício estar ali, aqui, em nossa frente. Em nosso cotidiano. Em excesso.

Reuso — Algumas universidades públicas já realizam estudos no sentido de reaproveitar a água. O reuso, como é conhecido o processo de reaproveitamento da água, ajuda não só a minimizar os impactos ambientais que o consumo em excesso poderá trazer às gerações futuras, mas também contribui para com o bolso do consumidor. O resultado pode estar na conta de água. Mês a mês. E no futuro dos nossos filhos e netos.

Condomínios de luxos ou voltados para a classe média, já vem sendo adaptados, quando da sua construção, para a reutilização da água consumida pelos condôminos. Uma idéia genial que pode ser estendida aos demais setores da sociedade, em parceria com as universidades públicas e privadas.

Aliás, as universidades públicas já poderiam dar sua contrapartida social à sociedade. As escolas de arquitetura e engenharias, por exemplo, poderiam desenvolver projetos voltados para as comunidades carentes. Minimizando os efeitos da ocupação desordenada, por exemplo.

Afinal, quem financia os estudos dos discentes e a própria instituição educacional é a sociedade. É simples. Projetos como o do reuso, poderiam ser apresentados e implementados nas comunidades carentes das cidades brasileiras. Contribuiriam na redução do consumo de água, assim como no aumento da renda desses moradores.

Paralelo a isso, as escolas de pedagogia/educação e de ciências humanas poderiam desenvolver projetos educacionais, de ação sócio-ambiental nas comunidades carentes.

Conscientizar e educar a população, quanto às questões de cunho ambiental, por exemplo, e que influem na vida de cada um de nós, será um projeto revolucionário. Sem precedentes na história. Uma ação que definirá a médio/longo prazo o destino da humanidade. O futuro de uma sociedade sustentável, tanto no que diz respeito à questão ambiental como do ponto de vista social.

Já das empresas de construção civil, por exemplo, as universidades cobrariam uma taxa simbólica quando da implementação do projeto em um condomínio a ser construído. O mesmo aconteceria com os moradores de condomínios (já construídos) de classe média, média – alta.

Energia — O aproveitamento da circulação do vento, da iluminação solar, também contribuirá para a redução do consumo de energia. Uma construção bem projetada e planejada pode absorver toda a potencialidade que o ambiente - aonde ela irá se situar - pode oferecer.

A energia hoje, também, está na pauta das grandes discussões políticas e econômicas da humanidade. O petróleo é um bem escasso, finito, e bastante prejudicial ao meio ambiente, porque poluidor. Outras alternativas vêm sendo estudas há anos por pesquisadores. O Brasil saiu na frente, na década de 70, quando do Pró-álcool. Hoje, novamente, mais intensivamente, com pesquisas voltadas para o campo da biomassa.

Meios para a realização de pesquisas que possam favorecer a nossa sociedade, assim como servir de exemplo para ás demais nações, o Brasil, em particular, os têm. Só é preciso um pouco mais de vontade, dos poderes públicos constituídos, e, também, da sociedade, no geral, e do cidadão, no particular. Somente de maneira solidária, onde as coisas possam transcorrer de maneira equânime, poderemos viver numa sociedade onde haja harmonia, a paz e a fraternidade. Entre o homem e seus pares. Entre o homem e o meio ambiente.

Ações contra a Febre Amarela

Milhares, senão milhões de brasileiros foram aos postos e unidades de saúde Brasil afora atrás da vacina contra a febre amarela. A morte de algumas pessoas com suspeitas de terem sido infectadas com o vírus foi o principal motivo dessa procura demasiada.

Alguns especialistas consideraram que houve grave erro por parte dos órgãos de imprensa, cujas informações divulgadas levaram as pessoas à procura da vacina nas unidades de saúde. A princípio, sem necessidade.

Segundo eles, a vacinação só é necessária àquelas pessoas que estão ou irão às áreas consideradas de risco. As pessoas que ficam nos centros urbanos “livres” da febre amarela, em principio, não precisam da vacina, pois não correm o risco de serem infectadas com o vírus.

Segundo o Ministério da Saúde, as áreas consideradas de risco endêmico são o Centro Oeste e o Norte do Brasil. As de transição o Oeste da Bahia e do Piauí. Além de quase todo o estado de Minas Gerais, e pequena parte do estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Indene de Risco Potencial, sul de Minas Gerais, Sul da Bahia e Espírito Santo.

Indene, quase todo o nordeste brasileiro (Bahia e Piauí, um pouco mais de 50% dos seus respectivos territórios). Cerca de 40% do território do Espírito Santo. Todo o Rio de Janeiro. Boa parte dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Confira no mapa aqui.

Ainda assim, nos centros urbanos, a proliferação do vírus da febre amarela pode se dá por meio do mosquito da dengue. É simples. Uma pessoa foi infectada pelo vírus da febre amarela, quando esteve na Amazônia. Chegando a sua cidade de origem, São Paulo, um mosquito da dengue a pica. O vírus que estava no portador (a pessoa que esteve na Amazônia), agora também está no Aedes Aegypti, que vai contaminar uma pessoa quando ele a picar. E assim, o vírus pode se proliferar, facilmente, pelos centros urbanos.

Por isso, além de vacinar as pessoas que residem nas áreas consideradas de risco, o importante é, também, vacinar àquelas pessoas que forem a esses lugares, seja a passeio ou a trabalho, para que elas não retornem a sua cidade de origem contaminada pelo vírus da febre amarela.

Além disso, se faz necessário um importante trabalho, o trabalho formiguinha. A extinção, ou, ao menos a redução dos focos onde podem se proliferar o mosquito da dengue, o conhecido Aedes Aegypti, depende da ação da população.

Água parada, e limpa, é uma verdadeira fabrica para a proliferação do mosquito da dengue. Ela pode estar em vários lugares. Por isso a importância do trabalho e da participação da população como um todo. Isto é, não permita que o acúmulo de água limpa fique parada em recipientes como pneus, copos plásticos, coco, vasilhas plásticas de manteiga/margarina, ralos, por exemplo, de banheiro e varanda residenciais e vasilhas onde constam plantas e que possam acumular água parada. Tudo isso contribui para a proliferação do mosquito da dengue, verdadeiro reprodutor da febre amarela nos centros urbanos.

Se puder, nos ralos das varandas e dos banheiros, ponha um pouco de sal. O sal ajuda no extermínio das lavas, encontradas até mesmo nos boxes e ralos de banheiro. Faça isso, ao menos, uma vez na semana.

Morte — Algumas pessoas, alarmadas com os casos suspeitos de morte por febre amarela, logo procuraram os postos de saúde para se vacinar. Isso aconteceu, defendem os especialistas, porque houve a espetacularização da notícia. O que fez com que, muita gente, se vacinasse mais de uma vez. A vacina só se faz necessário uma vez, no prazo de dez anos. As contra-reações, e a vacinação em excesso levaram muitas pessoas ao óbito. Outras, por não reagirem bem à vacina. Alérgicas a determinadas substâncias, vieram a óbito.

Sendo um país tropical, o Brasil não está imune, totalmente, a essas e outras doenças tropicais. A redução delas, contudo, é possível, por meio de ações do poder público, assim como através da participação e consciência de cada cidadão. Compreendendo que fazemos parte de um todo, a sociedade, e que a união faz a força.

Exclamações!

Exclamações. Exclamações!

Exclamar. Pronunciar em voz alta, em tom exclamativo. Brado. Grito de alegria. De surpresa. De indignação.

Essas são as definições encontradas no dicionário Gama Kury, da Língua Portuguesa, que bem definem o substantivo feminino exclamação, assim como o objetivo do nosso blog exclamações.

Exclamar!, será um ato contínuo em nosso blog. Um ato que envolverá temas relacionados às diversas àreas do conhecimento humano. Poesia, literatura. Cinema, teatro. Política, economia. Cotidiano, comunicação. Ciência, tecnologia. Um espaço para discussões e apresentações de idéias às mais divesas, que estejam, sobretudo, ligadas aos interesses dos internautas e da sociedade brasileira.

Por isso, sempre estaremos abertos a interações e contribuições dos internautas (blogueiros).

A sua exclamação,aqui, (será) e é muito importante! Por isso, participe!

Seja bem vindo ao exclamações!