Capital do desemprego

Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), divulgado recentemente, apontou para a redução do desemprego na capital baiana, Salvador. A Pesquisa Emprego e Desemprego revela que a taxa de desemprego total na capital da Bahia passou de 20,3% para os atuais 19,8%. Esses percentuais, em números reais, correspondem a 369 mil desempregados, em janeiro, seis mil a menos do que o mês anterior ao da pesquisa, dezembro.

Ainda de acordo com o estudo, em 10 anos, esse foi o melhor resultado alcançado pela capital baiana. O prefeito da cidade, João Henrique (PMDB), ficou feliz e comemorou com os seus partidários o resultado da pesquisa. Segundo ele, essa redução dar-se graças ao trabalho que a gestão dele vem fazendo na capital.

Mesmo com essa redução, Salvador não largou o título de capital nacional do desemprego.

Os setores que mais empregaram, no mês da pesquisa (janeiro), foram, respectivamente; “Outros setores”, que envolve Serviços Domésticos, Construção Civil e outras atividades (4,4%), com 10 mil novas ocupações. Indústria (2,2%), com 3 mil novos postos. Serviços (0,6%), com 5 mil postos adicionais de trabalho e o Comércio (0,4%), com a criação de mil vagas.

O setor que mais criou vagas, nesse período, foi o da Construção Civil. Apesar do DIEESE, na pesquisa, não apontar um número específico, já que engloba o da Construção Civil junto com outras atividades, como Serviços Domésticos. O fator determinante para o crescimento da oferta de trabalho para operários do setor é o Boom por que Salvador passa na área da Construção Civil.

Além de o setor imobiliário faturar às turras, com a construção de shoppings, condomínios empresariais e residenciais, o investimento público, ainda que tímido, em infra-estrutura, construções de escolas, postos médicos, etc, contribuíram com o desempenho do setor na pesquisa.

Avaliação - Em contrapartida, o alto índice de desemprego registrado na Capital talvez explique o crescente avanço da violência. Os dados são assustadores a cada novo final de semana. Assassinatos, assaltos. Eles estão cada vez mais freqüentes nas páginas dos matutinos.

Na última semana de fevereiro, por exemplo, em 24 horas foram registrados seis homicídios. Eles ocorreram entre as sete horas da manhã desta quinta-feira (28/02) e às sete da manhã seguinte, sexta-feira (29/02).

Certamente, esses não são números dignos de comemoração.

Ao contrário da comemoração, deveria, justamente, ocorrer à reflexão por parte do prefeito – ainda que segurança pública seja de responsabilidade do Estado.

Alternativas - Além disso, devem-se buscar alternativas á criação de novos postos de trabalho. E também evitar que ocorra a migração de cidadãos das cidades do interior para a capital. O que poderia agravar ainda mais a situação do desemprego.

Na verdade, a prefeitura deveria buscar estreitar a parceira com o governo do estado, assim como com o governo federal no sentido de incentivar a migração daquelas pessoas desempregadas para as cidades do interior, onde, em algumas situações, há maiores possibilidades de empregabilidade.

O desemprego continuará a ser uma chaga à gestão de qualquer governante. Infelizmente. Porém, a implementação de políticas públicas deverá ocorrer, cada vez mais, de maneira integrada, na busca de um desenvolvimento satisfatório á necessidade de cada cidade. Integração esta que deverá envolver cidades que compõem uma micro-região, além do estado e da união. Esse é o futuro para o desenvolvimento.

Além disso, a necessidade de reformas políticas e na estrutura do estado brasileiro já se faz evidente. Reforma tributária/econômica, agrária, política, previdenciária, dentre outras, contribuirão para um melhor desenvolvimento do nosso país, inserindo-o, de maneira mais competitiva, no cenário mundial. Caso contrário, perderemos em competitividade para muitos países, e geraremos, ainda mais, desemprego à nossa população.

Isso, contudo, precisa ser feito de maneira personalizada, isto é, adequada ás necessidades de nosso país, e não copiando ou seguindo modelos pré-estabelecidos por instituições que, na maioria das vezes, representa os interesses de quem lhes financia; os países de economia mais desenvolvida e precursores da globalização.

Fica aberto o espaço para o aprofundamento ou não das discussões.

Para ter acesso ao estudo do DIEESE- Salvador, clique aqui.

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