Uma vez ou outra troco e-mail com uma amiga austríaca. Ela esteve no Brasil, mais uma vez, para, além de fazer intercâmbio cultural, nos visitar. Beth, como a chamo, se declara apaixonada por nossa terra, por nossa gente.
Conversando comigo, certa vez, se queixou do sistema educacional brasileiro. O considerou ruim, sobretudo quando comparado com o sistema dos países mais desenvolvidos.
Como ela teve uma rápida experiência em uma escola particular brasileira, como parte integrante do processo cultural de intercâmbio, perguntei qual era a avaliação que fazia entre os dois sistemas de educação de nosso país; o público e o privado. Disse que o privado, apesar de demonstrar fraquezas também, é muito melhor do que o público. Os professores parecem mais qualificados, além dos alunos.
Entrei um pouco no nicho ideológico da coisa, ao explicar a ela que isso decorre do processo, a princípio, de desmantelamento a que o estado brasileiro esteve submetido ao longo dos anos. Mas, também, por falta de interesse da elite dirigente do nosso país, que, infelizmente, não prioriza o nosso desenvolvimento enquanto nação.
Ao contrário, disse a ela. A grande maioria das pessoas que compõem o reduzido universo da elite econômica-social brasileira está preocupada em defender os seus mesquinhos interesses. Não o da nação.
Ela não discordou, e nem concordou.
O silêncio me pareceu um sinal de respeito à gente.
Ou seja, como diz respeito a questões internas de nosso país, por isso de nosso interesse, ela, enquanto austríaca não se sentia, talvez, no direito de opinar. Aliás, como agiu o presidente Lula, ao falar para a imprensa que cabia ao povo de Cuba definir o futuro do seu país, depois da renúncia de Fidel Castro, e não ao Brasil.
Entrevista - Hoje (27/01) Beth retorna um e-mail, que lhe encaminhei há quase um mês. Ela estava em São Carlos, interior de São Paulo, onde foi passar o restante das férias. Como ia retornar para a Áustria uns dias depois do carnaval, resolvi mandar um e-mail, desejando-lhe excelente retorno à sua terra natal. Hoje, passados pouco mais de dez dias de encaminhado o e-mail, ela me retorna.
Primeiro, pede desculpas por demorar a responder o e-mail. Diz que aproveitou esses primeiros dias após seu retorno à Áustria para rever amigos e parentes. Para fazer uma das coisas que mais gosta; andar. “Não sou doida”, adverte ela, “mas gosto muito de andar”. Diz que aproveitou esses dias para andar porque enquanto esteve no Brasil, e em especial na Bahia, não pôde caminhar com a mesma intensidade que o faz na Áustria.
Não foi o forte calor tropical brasileiro, nem o da Bahia, em especial, que impediram Beth de caminhar como queria. Foi a violência. Ela garante ter ficado com medo, depois de ter sido alertada para não andar demais pelas ruas de Salvador, pois era perigoso.
Ela, e mais duas austríacas, Lisi e Renata, foram assaltadas algumas vezes em Salvador, me relataram certa vez. Ainda assim, essas coisas negativas não superaram às positivas que o nosso país e nossa gente têm. Passearam e curtiram de montam. Apreenderam muito também. Lisi e Renata continuam a fazer o intercâmbio na Bahia até o mês de abril, me disse uma amiga sábado pela manhã. Beth escreve muito bem o português-brasileiro, sobretudo quando comparado com alguns de nossos patrícios, que, infelizmente, não sabem escrever muitas vezes nem o próprio nome.
Com saudades do Brasil, Beth foi ao centro velho de Salzburgo, na Áustria, procurar por brasileiros. Mas não os encontrou. Não ficou totalmente desanimada, e foi ler um livro que trata do Brasil. Esqueceu de me dizer qual o título do livro e quem o escreveu. Relatou, porém, que aguarda ansiosamente pelo verão na Áustria. Lá, já é primavera. Mas hoje, quarta-feira, disse que fez calor; 20° C. O normal, me informa por e-mail, é que a temperatura nessa época esteja em 10° C.
Fala ainda, antes de se despedir, de suas pretensões na Áustria; estudar. Continua em dúvida, porém, do que fazer; medicina, enfermagem, assistência social ou fisioterapia.
Continua a ter saudades do Brasil. Muitas saudades, conforme escreveu em um e-mail anterior.
Beth será a primeira entrevistada do Exclamações!.
Infelizmente a entrevista não será instantânea, como preferia. Será, como tem sido nossas conversas, por e-mail. Ela deve, contudo, demorar um pouco para respondê-lo.
Ao que parece, na Áustria, as pessoas não tem a cultura de muito tempo ficar na internet. Ao contrário do Brasil, que figura entre os três maiores países do mundo quando o assunto é tempo do internauta na rede.
O fiel leitor do Exclamações! também pode participar da entrevista, encaminhando perguntas para danieljornalismo2003@yahoo.com.br.
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