Uma raiz suculenta

Ele levou uma hora para ficar pronto. É saboroso, bem gostoso. Com carne do sol, então, fica uma beleza. Estou falando do aipim. Essa suculenta raiz da mandioca me agrada de várias maneiras. Aipim frito, cozido, como purê acompanhado da carne do sol. Ainda temos o bolo de aipim. Mais; a Lasanha de aipim. São muitas as opções, e uma única certeza; seja como for, o aipim é sempre uma delícia.

Antes, devo confessar, porém, que de cozinha não entendo nada. Só sei fritar um ovo, nada, além disso. E, na cozinha, depois de ter tudo pronto, comer. Somente.

Para cozinhar o aipim, ontem (segunda - 25/01), por exemplo, tive que sair em busca de auxílio. Antes, de minha mãe. No trabalho, atendeu ao meu telefonema. E me orientou; “peça a sua tia para tirar a casca do aipim e colocar a dose certa de sal, aí você retorna para casa, e põe a panela no fogo com água”.

Na casa de minha tia Geró, solicitei ajuda. Ela, prestativa como sempre, não reclamou. E começou a descascar o aipim. Depois de descascado e cortado, ela me orientou a colocar somente uma colher de sal. “Uma colher dessas, rasa com sal”, observou, apontando para a colher, que serviu de exemplo.

De lá, retornei para casa, e logo coloquei a dose correta de sal e a água na panela com o saboroso aipim.

Importância - Essa raiz é muito interessante, sobretudo do ponto de vista alimentar. Dela surge, além do que acima já foi listado, a farinha, que acompanha a “sagrada” feijoada de domingo.

A deliciosa tapioca também é oriunda da raiz da mandioca. Ainda, do ponto de vista energético, cientistas descobriram que ela pode servir para a produção do etanol. Considero isso, no particular, um tanto que arriscado. Transformar alimentos em energia, seja para automóveis, seja para a indústria, é muito perigoso, num mundo onde milhões de pessoas não têm o que comer.

Quem trouxe, por sinal, essa iguaria ao Brasil, honestamente, não sei. Sabe-se que ela sempre foi muito cultivada pelos indígenas. Tanto no Brasil como na América Latina. Do nosso continente, ela foi exportada para a África e para a Ásia, onde é uma das principais bases de dieta alimentar.

Além de sua raiz, consome-se, também, a sua folha. Antes, ela deve passar por um tratamento, que visa à retirada de toda a parte que pode envenenar o homem. Pronta, ela é conhecida como maniçoba. Confesso, contudo, que não agradou ao meu paladar quando a experimentei em Cruz das Almas, cidade do recôncavo baiano.

No Brasil, por sinal, o aipim pode ter varias denominações, a exemplo da macaxeira, que designa mandioca doce. As denominações podem ser diferentes, a depender da região, da cidade, do estado, mas, o sabor, ah, esse é o mesmo. De norte a sul do Brasil. Continua saboroso, gostoso como sempre. O aipim. A própria mandioca.

Hoje, porém, ao cozinhar o aipim, o mesmo não ficou tão bom quanto se esperava. Ficou um tanto que duro - boa parte dele. Não muito bom para o consumo. Explica-se; quando o aipim leva pancada demais, me explicou um experiente vendedor da iguaria, ao ser cozinhado, o ele não fica bom, pois fica duro.
Além dessa, acredito que deve haver outras explicações quanto a esse “fenômeno”

Difícil é comprar um aipim, que muito já andou até chegar à feira, e ele permanecer bom. Isto é, não levar pancadas e, em conseqüência, não apresentar “problemas” quando cozido. Aliás, de uns tempos pra cá, até desistir de comprar a iguaria. Duas vezes, ao cozinhar o aipim, ele não ficou bom. Duro, foi pro lixo. Um desperdiço. Fiquei traumatizado.

Ainda assim, me aconselhou o combalido vendedor da iguaria e de outras frutas e verduras tropicais; muito cuidado na hora de comprar o aipim. Verifique o seu estado de conservação, externo, claro. Construa uma relação de amizade/confiança com o vendedor da iguaria. Isso acontecendo, a possibilidade de ele ser honesto com você é grande. Assim, o risco de comprar gato por lebre, pode chegar à zero. E o prazer de se deliciar, de diversas formas, com o nosso saboroso aipim é grande.

Se eu fosse você, ou se você gostar do aipim como eu, não perderia mais tempo. Ia à mercearia, mercadinho ou feira mais próxima atrás dessa preciosa iguaria. Trataria de descascá-la, e colocá-la no fogo, numa panela de pressão, de preferência, acompanhada com uma colher rasa de sal. Aguardaria, ansiosamente, por 30 ou 40 minutos para se deliciar com ele que já se tornou uma importante iguaria na cultura alimentar do brasileiro; o aipim da mandioca.

5 comentários:

Ana Fontes disse...

Hum! Que delícia! Consegui até sentir o cheirinho de um aipim (aqui em Minas é mandioca mesmo!) cozidinho! Pronto pra gente comer com muita manteiga!
:)

Nazaré Araújo disse...

De jornalista a mestre cuca. Rs
Você não existe!

Unknown disse...

Parabéns Daniel,realmente seus textos como sempre muito bons.Que experiência como mestre cuca. bjos adorei os texto!

Saviano Abreu disse...

Aipim, macaxeira ou mandioca, só sei que ela faz uma falta danada aqui na Espanha.. Até achamos para comprar o que aqui tem o nome de YUCA, mas o preço desanima. A farinha de mandioca entao, para fazer nosso delicioso feijão tropeiro, essa tive que trazer do Brasil.. rsrs

Anônimo disse...

Você pode até não ser bom na cozinha viu amigo, mas tem muito talento para escrever e consegue até deixar um gostinho de quero mais.rsrsrsrs!!!